Encarei o jornal perplexo, na primeira página, escrita em letras garrafais, lia-se a seguinte frase: assassinaram a inspiração. Desafortunada seja! Costumava sentar no meu colo e contar-me uma história. E que imaginação tinha! Sussurrava palavras ao meu ouvido, ela falava e eu escrevia, num vaivém melódico, hipnótico. Vinha todo fim de tarde, presenciava as minhas epifanias. Mataram-na, matou-a, matei-a.
E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma. Viver é mágico e inteiramente inexplicável (Clarice Lispector).
Quem sou eu?

- Priscilla V.
- Recife, Pernambuco
- Poderia dizer que vivo de sonhos, mas creio que são eles que vivem em mim. Arriscaria classificar-me como quixotesca, a cada dia mato meus gigantes para, na manhã seguinte, aperceber-me de que eles não passavam de meros moinhos. Acredito firmemente que as melhores pessoas tem um quê de loucura, manter-se fixo na realidade é enfadonho. O ideal mesmo é tirar os pés do chão e, se possível, aprender a voar.