Quem sou eu?

Minha foto
Recife, Pernambuco
Poderia dizer que vivo de sonhos, mas creio que são eles que vivem em mim. Arriscaria classificar-me como quixotesca, a cada dia mato meus gigantes para, na manhã seguinte, aperceber-me de que eles não passavam de meros moinhos. Acredito firmemente que as melhores pessoas tem um quê de loucura, manter-se fixo na realidade é enfadonho. O ideal mesmo é tirar os pés do chão e, se possível, aprender a voar.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Preuve de l'existence de Dieu

E às vezes vem aquela sensação, de paz, alegria e serenidade inexplicáveis. Levanto os olhos, ponho as mãos sobre o peito e respiro fundo. O universo é maravilhosamente encantador, deliciosamente misterioso. Sinto um arrepio profundo, olho para as minhas mãos. Observo atentamente tudo ao meu redor. E finalmente vejo o quão perfeito é o mundo. Bastam apenas esses pequenos fenômenos para convencer-me que Deus existe.



"Deus não é intelecto, mas a causa do intelecto. Deus não é o sopro, mas a origem do sopro. Deus não é a luz, mas a causa da luz. Ele é o espaço que se contém a si mesmo. Incorporal, incapaz de erro, impassível, intangível, imutável."
(Hermes Trismegisto, séc. 3 d.C).

sábado, 26 de novembro de 2011

The curse of the time

E existem momentos nos quais a dor se torna insuportável e é necessário sentir o toque do ser amado para atenuá-la. E quando essa pessoa não está? A dor fica aí, machucando cada vez mais o coração da pobre desgraçada, que sofre por amor reprimido. Amor intenso, profundo, delirante e eloquente, mas que não pode ser demonstrado por obra do destino. O tempo é um ordinário que serve apenas para enlouquecer os que esperam, ansiosos, por algo. E as manhãs se tornam longas, e os dias se transformam e o que deveria passar não passa.


De que são feitos os dias? 
- De pequenos desejos, 
vagarosas saudades, 
silenciosas lembranças. 

Entre mágoas sombrias, 
momentâneos lampejos: 
vagas felicidades, 
inatuais esperanças. 

De loucuras, de crimes, 
de pecados, de glórias 
- do medo que encadeia 
todas essas mudanças. 

Dentro deles vivemos, 
dentro deles choramos, 
em duros desenlaces 
e em sinistras alianças...
(Cecília Meireles)


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Encontro...

Quiçá um dia voltemos a encontrar-nos. Pode ser que em algum momento nossos caminhos se cruzem. Talvez, e só talvez, você me olhe ternamente. Um olhar profundo, que remova as minhas dúvidas, as minhas indecisões, os cataclismas da minha mente. Um olhar doce, sorridente. Olhando-me assim, você tomará minhas mãos entre as suas e sussurará algo. E eu ficarei meio tonta, indubitavelmente boba, completamente inerte. Minha razão desaparecerá por completo, como se nunca houvesse existido. E um sorriso se formará lentamente em minha boca, um sorriso sincero, esperançoso. E tudo o que passou será esquecido. Abrirei os braços, receptiva. Não me sentirei tão viva até que chegue esse momento. 

"A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"
(Vinícius de Moraes)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Monólogo (in)consistente...

Você não entende. É necessário. Por quê não consegues me ouvir? Falo, grito e não me escutas. Parece que estou falando palavras inteligíveis. Cale-se! É a minha vez de me expressar, você já teve a sua. Aliás, sempre é sua vez. Deixe que eu me liberte, rompa essa correntes malditas que me prendem aqui. Quero voar, será que você não vê? Está claro. Te mando todos os sinais possíveis e imaginários. Impressionante como você não percebe. Pare de me ignorar. Pensando melhor não me dê atenção. Não preciso dela. Cansei, mudei, evolui. Você não seguiu essas mudanças de perto. Quem mandou estagnar no tempo?


terça-feira, 18 de outubro de 2011

E assim vou vivendo...

Garganta seca, olhos apertados, pequenininhos, cansados de tanto chorar. Chorar pra quê? Derramar lágrimas em vão, lágrimas que vem e vão como os sentimentos perdidos, esquecidos. Levanta a cabeça menina, que não adianta sofrer, sentir vontade de voltar, de retroceder. Adianta? É preciso criar forças, como se cria esperanças, inventar, reinventar, um universo maravilhoso, novo e desconhecido. Dançar, saltar e cantar, sem ter vergonha do que digam de você. Deixa que te julguem, que te digam o que é errado ou o que é certo. Você não precisa seguir à risca tudo que a sociedade impõe. Afinal, você não precisa mudar. Mudanças? Pra quê? Já estou farta delas. Só mudo se quiser e ponto. Não me dirão o que tenho que fazer. Tenho personalidade. E me dizem que estou louca, que perdi o juízo. Só lamento. Você não gosta de como eu sou? Não me importa. Não é por ti que deixarei de viver.



sábado, 17 de setembro de 2011

Sobre os meus sentimentos...

A atmosfera é lúgubre e deprimente. Meu coração está sangrando, sinto um peso enorme no peito. Quero gritar bem alto, ser livre, voar para bem longe daqui. Lágrimas saltam de meus olhos enquanto estou refletindo. A dor é terrível, insuportável, como milhões de facas penetrando lentamente a minha carne, impiedosas, lacerantes. Me falta o ar, meus pulmões já não respondem ao meu comando. Minhas pernas tremem.  Oh! Não posso mais, não suporto. Que farei? Só me resta escrever sobre os meus sentimentos sozinha.


"Todo o inferno está contido nesta única palavra: solidão". 
(Victor Hugo)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Subconsciente

Você já parou para analizar todas as coisas que pensamos, mesmo que inconscientemente? Nós, os seres humanos somos dotados de inteligência, razão, mas algumas vezes os nossos atos são impulsionados por uma parte de nós que se encontra enterrada, quase esquecida dentro de nós mesmos. Cito aqui o famoso livro “Dr.Jekyll & Mr.Hyde” no qual um renomado médico realiza uma série de experimentos e se converte em um monstro, sanguinário e repugnante. Ao realizar essa transformação, o doutor se sente incrivelmente bem (ao menos a princípio) porque se liberta de sua personalidade correta, ou seja, a que se encaixa exatamente nos moldes da sociedade da época. O pai da psicanálise, Sigmund Freud fez uma análise dessa obra e segundo ele todas as pessoas têm um Mr.Hyde dentro de si mesmas, que só espera uma oportunidade, um momento, para sair. Todos temos um lado bom e um lado ruim por assim dizer. Esse conceito pode ser aplicado a um símbolo chinês muito conhecido, o yin-yang, que representa a dualidade, duas forças complementares que compõem tudo que existe e que equilibram o mundo. De um modo geral, pode-se dizer que uma pessoa não é má, mas na sua essência existe a maldade (mesmo que de um modo implícito).


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Falsidade


Ele acordou, levantou-se e vestiu sua máscara. Saiu pela rua cabisbaixo, tinha vergonha de quem era realmente, da sua verdadeira essência, da sua personalidade. Conheceu outras pessoas, elas também usavam máscaras. E assim cresceu, conhecendo mais e mais gente falsa e nunca ninguém se preocupava realmente pelo seu estado, pelos seus sentimentos. Até que um dia, já farto de tudo isso, resolveu arrancar sua máscara e percebeu, horrorizado, que em seu rosto não restava mais verdade, não lhe restava opinião própria, era apenas uma marionete, construída por mentiras, que ele mesmo havia criado.


Eu sei que há muito pranto na existência,
Dores que ferem corações de pedra, 
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.
No delírio, porém, da febre ardente
Da ventura fugaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.
Assim a turba inconsciente passa,
Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.
E entre a mágoa que a máscara eterna apouca
A Humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida.
(A máscara - Augusto dos Anjos)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Morte

Creram que eu estava louco! Loucos eram eles, com suas ideias hipócritas e pensamentos equivocados. Nunca estive tão saudável em toda minha vida. Tinha certeza de que a via. Todas as noites sua sombra me atormentava, tacirturna, silenciosa, um perfeito vulto fantasmagórico. E eu, assustado, incapacitado, estirado em uma cama, ouvia-lhe sussurar baixo, ao meu ouvido:
_Vem comigo...
Até que um dia comecei a acreditar neles, passei a crer que havia perdido mesmo a razão. Mas minha cabeça me dizia que ainda conservava meu juízo. E meu corpo não queria acreditar que aquela terrível sensação de frio que me lacerava quando ela vinha não era real. Passaram-se meses, e me afastei das pessoas. Me tornei um ser tão medroso que me tranquei na minha própria casa, que passou a ser não só meu refúgio, mas também minha prisão. Não saia, não falava com ninguém. Minha mente me prendeu dentro de mim mesmo. Tinha visões. Chorava, estava fraco. Tão fraco que um dia ela chegou, a indesejável, com sua face pálida e mórbida e o seu terrível riso de deboche. Me beijou lentamente nos lábios, sugando minha vida pouco a pouco, e me levou, tão serena e silenciosa como havia vindo.


sábado, 7 de maio de 2011

Eu aprendi....

Que as melhores pessoas não são as mais perfeitas, que detalhes são muito importantes. Aprendi que sinto falta não do que eu vivi, mas simplesmente do que eu podia ter vivido. Que os sonhos se realizam, entretanto muitas vezes não do jeito que a gente quer. Que você só percebe a importância de alguém quando está longe. Apesar disso, aprendi também que sempre é possível mudar a situação, dar a volta por cima e recomeçar. Afinal, se você não tentar passará o resto da vida perguntando-se o que teria acontecido. Muitas vezes é melhor tentar e não conseguir do que lamentar por não haver tentado.





sábado, 12 de março de 2011

Chapeuzinho Vermelho

Começo essa história de um modo muito convencional. Era uma vez uma menina que se chamava Chapeuzinho Vermelho, sua vida era muito entediante, monótona e repetitiva, vivia andando pelo bosque levando doces à sua vovozinha e o lobo perseguindo-a sempre. Até que um dia ela percebeu a hipocrisia disso tudo. E quis ir ao mundo real, onde a vida era bem mais interessante (ao menos ela pensava assim). Cresceu, foi ludibriada por seus pensamentos idealizados sobre a vida fora dos contos de fadas e conseguiu chegar até o mundo de verdade. Quando chegou, achou tudo maravilhoso, lindo e sentiu uma liberdade que jamais havia sentido em toda sua existência. Depois de um tempo, começou a observar melhor as coisas ao seu redor, percebeu que o mundo real era poluído, pusilânime, sem cores. Os homens eram ingratos, mesquinhos, insensíveis, criavam bombas para destruir-se uns aos outros. Quis voltar, já não era mais possível, havia esquecido o caminho. Chorou, se deu conta de que muitas vezes é melhor viver em um mundo de fantasia do que viver na realidade. Começou a adoecer, ficou doente de desgosto, se desgastou lentamente até se reduzir a pó e foi levada pelo vento.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Descubra...

Os homens estão me esquecendo, hoje em dia só se preocupam com coisas supérfluas e sem sentido verdadeiro. Estou morrendo aos poucos, não tenho mais voz, sobrevivo de algumas poucas pessoas (que escassas que são!) que ainda me conhecem. Sou passado e um pouco do presente, mas não sei se vou ser futuro. Já fiz muitos sofrerem, chorarem, me odiarem, mas também já fiz muitos sorrirem. Sou conhecido como paradoxal, adoro antíteses psicológicas. Sou essencialmente sentimental. Alguns não tem sorte comigo, outros têm uma afinidade muito grande. Vivo intensamente em familias, em sonhos, em pensamentos. Só me conhece bem quem é puro de alma. Estou presente em cada olhar apaixonado, em cada gesto de carinho, em cada beijo. Você provavelmente já sabe quem eu sou, quiçá você ainda não me conheça. Eu sou o amor.


sábado, 5 de março de 2011

Noite de Inverno


A menina observa o mar de estrelas,
Que se assoma por sua janela,
Na fria noite de inverno,
E enquanto olha,
Pensa que a lua lhe sorri,
Um sorriso doce de lua,

A menina está sozinha,
Em uma noite de inverno,
Tão fria e escura quanto sua própria solidão,
Ouve ecos,
Ecos de um passado distante,

E enquanto escuta atentamente aos ruídos,
Acorda...
E apercebe-se que estava sonhando,
Sonhando que estava acordada,
Em uma fria noite de inverno,
A menina não está mais só,
Agora tem a lua como companheira.


sexta-feira, 4 de março de 2011

O poder das palavras

É realmente curioso o poder que as palavras tem. Às vezes penso que elas são entes vivos, que se constroem e se reconstroem constantemente. Quando se organizam dão lugar à uma história, que é um texto inacabável. Mesmo que tenham um ponto final, nunca estão realmente terminadas, continuam a se desenvolver na cabeça do próprio autor, na imaginação e no sentimento dos leitores. Por isso digo que quem lê experimenta uma sensação única, de liberdade. Ler é criar um universo maravilhosamente novo e ao mesmo tempo já conhecido, é voar e imaginar a vida de um modo diferente. As palavras escritas são, muitas vezes, mais significativas que as faladas, pois quem fala pode estar simplesmente profanando palavras levianas, sem sentido verdadeiro. Por outro lado, as palavras escritas sempre ficam, porque foram eternizadas em algum lugar.



"As palavras sempre ficam. Se me disseres que me amas, acreditarei. Mas se me escreveres que me amas, acreditarei ainda mais. Se me falares da tua saudade, entenderei. Mas se escreveres sobre ela, eu a sentirei junto contigo. Se a tristeza vier a te consumir e me contares, eu saberei. Mas se a descreveres no papel, o seu peso será menor. Lembre-se sempre do poder das palavras. Quem escreve constrói um castelo, e quem lê passa a habitá-lo".

(Silvana Duboc)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Perdão

O que eu vou postar agora é uma história que fiz há algum tempo, ela é um pouco diferente de tudo que já escrevi e por isso eu gostei muito:

Ele andou vagarosamente pela ruela deserta observando tudo ao seu redor minuciosamente. Caminhando desse jeito, notou que agora chegava a um ponto em que as casas eram menores, mais pobres e ali crescia um tipo de erva daninha.
Ela o esperava, parada em frente a um portão, humilde como tudo que havia naquele lugar. Quando o viu lançou-lhe um olhar indiferente, quase de desprezo. Ele, no entanto, exclamou:
_ Luisa, meu amor!
A moça limitou-se a dizer secamente:
_ Precisamos conversar, mas não aqui.
_ Então para onde vamos?
Ela não respondeu, apenas apontou para uma estreita estrada de barro, quase imperceptível. Andaram por um tempo que pareceu uma eternidade então, abruptamente, ela parou:
_ André...
_ Diga logo de uma vez!
_ André...eu...eu estou noiva!
_ Como assim noiva?
_ O nome dele é Felipe e nós vamos nos casar na semana que vem.
_ O que aconteceu com todas as juras de amor que você me fez?
_ André...eu...me desculpe!
_ Desculpas? Desculpas? Você está me pedindo desculpas?
_ Sim...é...eu...
_ Não Luisa, sou eu que tenho que te pedir desculpas.
_Você? Mas você não fez nada!
_ Não vou pedir que me perdoe pelo que eu fiz e sim pelo que estou prestes a fazer.
_ E o que você vai fazer?
_ Acredite em mim. Você já vai descobrir – E dizendo isso virou-se e foi embora.
Uma semana se passou. Era o dia do casamento de Luisa. Faltavam apenas cinco horas para a cerimônia e ela estava em casa se arrumando. Seu futuro marido a esperava na sala (dizem que dá má sorte ver a noiva antes do casamento, mas eles não estavam preocupados com isso). Repentinamente a campainha toca:
_ Quem será a essa hora? – Pensou Luisa.
Eles abrem a porta e ela se surpreende. Parado do lado de fora está André:
_ Quem é você? – Perguntou Felipe, atordoado.
_ Um amigo de Luisa. Vim lhes dar o meu presente de casamento.
_ Ah! André... Não precisava! – Disse Luisa.
_ Eu insisto! – Falando isso, ele entrou rapidamente na casa, sacou uma faca e apunhalou os noivos de uma só vez.
Enquanto observava a morte dos dois, ele olhou para a face pálida de Luisa e murmurou:
_ Me perdoe.