Garganta seca, olhos apertados, pequenininhos, cansados de tanto chorar. Chorar pra quê? Derramar lágrimas em vão, lágrimas que vem e vão como os sentimentos perdidos, esquecidos. Levanta a cabeça menina, que não adianta sofrer, sentir vontade de voltar, de retroceder. Adianta? É preciso criar forças, como se cria esperanças, inventar, reinventar, um universo maravilhoso, novo e desconhecido. Dançar, saltar e cantar, sem ter vergonha do que digam de você. Deixa que te julguem, que te digam o que é errado ou o que é certo. Você não precisa seguir à risca tudo que a sociedade impõe. Afinal, você não precisa mudar. Mudanças? Pra quê? Já estou farta delas. Só mudo se quiser e ponto. Não me dirão o que tenho que fazer. Tenho personalidade. E me dizem que estou louca, que perdi o juízo. Só lamento. Você não gosta de como eu sou? Não me importa. Não é por ti que deixarei de viver.
E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma. Viver é mágico e inteiramente inexplicável (Clarice Lispector).
Quem sou eu?

- Priscilla V.
- Recife, Pernambuco
- Poderia dizer que vivo de sonhos, mas creio que são eles que vivem em mim. Arriscaria classificar-me como quixotesca, a cada dia mato meus gigantes para, na manhã seguinte, aperceber-me de que eles não passavam de meros moinhos. Acredito firmemente que as melhores pessoas tem um quê de loucura, manter-se fixo na realidade é enfadonho. O ideal mesmo é tirar os pés do chão e, se possível, aprender a voar.
2 comentários:
Oi, Priscilla, boa noite!!
O texto é muito interessante, especialmente porque trata de um universo interior buscando afirmação (e o leitor fica intrigado se será totalmente ficção, meia ficção e meia verdade, ou tudo verdade escondido sob o disfarce da ficção...).
Confessar que se está chorando mas afirmar que não deseja chorar é um tema interessante, indica bem essa divisão interior. O texto começa tratando a menina na terceira pessoa, mas se trai quase ao final, quando diz, na primeira pessoa "já estou farta delas".
O importante é sermos nós mesmos, para chorar ou para sorrir. Pois será nossa própria consciência a quem teremos que responder, ao acertar ou errar.
Um abraço carinhoso
Leo
Oi Leo, Obrigada por achar meu texto interessante! Realemente, eu queria expressar os sentimentos do eu-lirico, no caso a menina do texto. Mas também queria que esse pequeno relato se aproximasse mais da realidade de todos. Não apenas da garota em questão e sim de todas as pessoas que já se sentiram como ela. Por isso o comecei em terceira pessoa e terminei em 1ª, para fazer com que os leitores se indentifiquem com a personagem.
Um abraço,
Priscilla
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