Bebi, não nego. Embriaguei-me com o gosto pungente de uma cachaça chamada poesia. Como em uma metástase vi meus órgãos serem tomados lentamente pelas palavras, de modo arrebatador, até por fim chegar ao coração. Vi florescer a rosa de Vinícius, observei o amor ensandecido de Drummond, e até Poe (louvado seja!) me fez viajar nas asas de um corvo, que com o tempo passei a apreciar, simplesmente pelo mero fato de ele ser fruto da escuridão. Augusto dos Anjos me fez perceber que tal como um morcego em uma janela, a consciência humana passa a noite a nos atormentar e nossa vontade, como indivíduos ignorantes, é simplesmente defenestrá-la, fingir que ela não existe e inventar uma utopia. Garrafas e garrafas de versos. Garçom, pode repetir a dose? Talvez um dia eu venha a morrer de cirrose. Cirrose de poemas existe? Não sei, não me importa. Overdose, convulsões de uma alma embevecida pelas letras. Morte. Na lápide uma frase: aqui jaz um bêbado poeta.
E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma. Viver é mágico e inteiramente inexplicável (Clarice Lispector).
Quem sou eu?

- Priscilla V.
- Recife, Pernambuco
- Poderia dizer que vivo de sonhos, mas creio que são eles que vivem em mim. Arriscaria classificar-me como quixotesca, a cada dia mato meus gigantes para, na manhã seguinte, aperceber-me de que eles não passavam de meros moinhos. Acredito firmemente que as melhores pessoas tem um quê de loucura, manter-se fixo na realidade é enfadonho. O ideal mesmo é tirar os pés do chão e, se possível, aprender a voar.
3 comentários:
Poste mais por favor. Estou adorando conhecer o seu blog
Obrigada! Agradeço profundamente por você estar apreciando meu blog. Infelizmente minha inspiração provém de epifanias momentâneas e por isso eu não me inspiro com frequência. As vezes passo meses sem escrever, outras vezes semanas mas prometo que vou tentar me inspirar com mais facilidade. De novo Obrigada :)
Bravo!Bravo!
Postar um comentário